LUIZ FERNANDO LIMA
Não há nada mais gratificante que recordar da minha saudosa Galeria do Povo, seus criadores e todos os que dela participaram.
Lembro-me que na época dos grupos que existiam naquele Cruzeiro, o CUCA LEGAL, o CANTO DA PAZ e o TIGRÃO. O primeiro presidido pelo festivo Ozemar, tendo a mim como vice, e outro pelos irmão Caimon e Nanan.
O movimento Galeria do Povo gozava de tamanha seriedade, que conseguia reunir poetas e escritores de toda Brasília, e por vezes não era surpresa para ninguém, receber parceiros de outras unidades de nossa federação, como de Goiás, Minas e do Nordeste em geral.
A alegria de participar era tão intensa que me recordo que, já no final da década de 1970, quando havia ingressado na aviação como comissário de voo, quando retornava de alguma viagem aos domingos, nem mesmo ia em casa, passando direto para o centro da quadra 403, onde a Galeria instalava seus murais, com o propósito de ali afixar meus trabalhos, alguns que escrevia até mesmo durante a viagem.
Saudades daquela época, tudo era muito puro, muito sério, e por mais que existisse rivalidade entre os grupos, notadamente o Cuca Legal e o Tigrão, os criadores da Galeria, o Marquinhos e o Paulo, bem sabiam contornar esta rivalidade, pois ali o que interessava era a harmonia, a irmandade, a cultura e o engrandecimento, particular e geral do movimento.
Saudades… Pena que não voltou mais!!!
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DANILO ALENCAR
“Pessoa de enorme generosidade e paixão
pelo que faz, de invejável capacidade Poética na carpintaria cênica”
“Danilo além
de diretor é um grande amigo. Apaixonado pelo ofício e que faz com que jovens
atores, e até os mais experientes, apaixonem-se também”.
Essas são algumas declarações de
alunos e colegas de profissão em relação ao diretor e ator Danilo Alencar, que
descobriu sua vocação ainda muito jovem no Cruzeiro Novo quando participou da
encenação da peça “Ovolada a história da maionese”, do jornalista Marcus
Ottoni.
“ Éramos jovens,
olhávamos pra frente e não víamos nada, queríamos ficar ali, debaixo de um
prédio entre tantos outros, mas aquele era especial, aos poucos tecíamos nossas
histórias, éramos do tempo presente, fomos descobrindo que havia algo em volta,
pessoas, espaços, alguém precisava dialogar, ocupar as lacunas, entre uma coisa
e outra. “Só a arte salva”. Foi uníssono, uma só voz feita em coro, nascia
assim o grupo Cogitação. Uns escreviam, outros musicavam, outros cantavam, já
outros interpretavam, atuavam, dirigiam, e aquela Brasília dos anos 70 já não
seria a mesma, não naquele bairro de nome Cruzeiro. Já não havia mais vazios.
Eles estavam cheios e fomos crescendo assim, de flautas, violões, percussões,
poesias, personagens e tudo que fosse dos “Gêneros Humanos”. Eu só não sabia
que aqueles instantes vividos ali me marcariam tanto, me levariam a um caminho
sem volta. Hoje, aos 63 anos, como ator, diretor, dramaturgo da PUC Goiás,
recolho na memória de cada instante vivido naqueles anos e compartilho com os
atores que trabalham comigo. Obrigado Cruzeiro, obrigado Brasília, obrigado a
vocês que lembraram de mim. Obrigado Cogitação”.
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VALÉRIA SANTOS
Valéria
Santos, conhecida no mundo cultural como Leca, foi uma incansável participante
da Galeria do Povo. Ativista cultural desde muito jovem trabalhou, nos anos 80,
no colégio em que estudava na apresentação da peça “Ovolada, a história da
maionese”, do jornalista Marcus Ottoni, representando o papel da “Cebola”. Nos finais de semana expunha poesias nos muros
da galeria.
Leca
enviou do Rio de Janeiro, onde mora atualmente, o depoimento abaixo para o
portal e que será incluído no projeto “Rebeldia dos Excluídos”.
“Paulo Alves me pediu para escrever algo sobre a Galeria do Povo. Foi um
mergulho nas lembranças da minha adolescência. Demorei um pouco para ordenar as
lembranças. Deste tempo, ficou o sentimento de que poderíamos fazer tudo,
contestar tudo, questionar tudo (como na Peça Ovolada, um tema super atual,
escrita por Marcos Ottoni). Tudo isso no período mais cruel da ditadura
militar. Foram tardes recheadas de poesias, canções e muita camaradagem.
Durante a semana ficávamos planejando o que seria pendurado no varal cultural.
A vida nos espalhou por todos os cantos, mas eu tenho quase certeza que aquele
espírito transgressor nos acompanhou por todos estes anos.
Puxa... Bateu uma saudade agora.
Sexta-feira, o que colocar no varal este final de
semana?”
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