quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Galeria do Povo: a história escrita com arte e rebeldia


Cruzeiro, o único bairro de Brasília formado por residências horizontais germinadas, começou a nascer em 1958. A sua criação teve o intuito de receber servidores públicos de média renda vindos de outros estados para trabalhar na futura capital.  Em 1968 começa a nascer o Cruzeiro Novo, uma extensão do Cruzeiro, porém formada por edificações verticais de quatro pavimentos de moradia. 

Daí então, a população, à sua maneira, dividiu o Cruzeiro em dois bairros: Cruzeiro Velho, o de casas, e Cruzeiro Novo, o de apartamentos.  Sendo que, por força do Decreto nº 10.972 de 30.12.87, a data de fundação (Bairro/Região Administrativa) passou a ser 30 de novembro de 1959.

Este ano, portanto, o Cruzeiro completa sessenta anos de existência, e a “Galeria do Povo” comemorará, em dezembro, 41 anos de sua primeira exposição ao ar livre no Distrito Federal, mais especificamente, no Cruzeiro Novo. 

A Galeria do Povo foi o primeiro movimento cultural independente realizado na capital do país, livre de quaisquer algemas oficiais. Onde todo sentimento, expressão cultural, artística e política eram igualmente livres e incensuráveis. Esse era, e sempre será, o conceito. E assim foi naquele verão de 1978, um tempo sombrio da ditadura militar.

Nós, os membros daquele revolucionário e maravilhoso movimento, não poderíamos deixar de homenagear o Cruzeiro e a Galeria do Povo nesse momento de comemoração por esse longevo período de vida.  Para tanto, estamos preparando um livro/documentário contando a história da “Boba da Corte” e seu período de existência no Cruzeiro e na capital federal. 

Com o título “A rebeldia dos excluídos”, a publicação trará, além da história do movimento, suas apresentações, imagens da época, registro jornalístico e depoimentos de artistas, intelectuais, jornalistas, músicos, atores e todo o pessoal que integrou a Galeria do Povo, fazendo dela um celeiro de novos talentos e a voz dos excluídos da capital do Brasil, transformando a manifestação artística em ferramenta de liberdade e consciência política.

Outra ferramenta que lançamos mão é o portal da Galeria do Povo de Brasília ( galeriadopovo.blogspot.com ), com o objetivo de interagir com a sociedade e divulgar o movimento dos anos 70/80 e seu legado. “Rebeldia dos Excluídos” é um livro/documentário escrito por duas cabeças; quatro mãos, vinte dedos e um único ideal: democracia e liberdade”, define o jornalista Marcus Ottoni. “Um movimento que se transformou na “Flecha da Rebeldia” e que espalhou um vírus que até hoje contamina o Distrito Federal: arte e cultura livres”.  complementa Paulo Estanislau.



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